O desenvolvimento cooperativo do sistema ABCD (Administração de Bibliotecas e Centros de Documentação) da família ISIS de software teve um impulso notável com a realização da segunda oficina de avaliação técnica que ocorreu em Buenos Aires, Argentina, entre os dias 1º e 4 de setembro de 2009. O evento contou com a participação de especialistas da América Latina e Europa. A primeira oficina foi realizada em Bruxelas, Bélgica entre os dias 17 a 27 de março de 2009 (acesse a matéria).
O ABCD é um sistema orientado à automação online na Web dos processos, fluxos de trabalho, funções, produtos e serviços de informação de bibliotecas, centros de documentação e informação. O ABCD pertence à família ISIS de software para o armazenamento e recuperação de informação textual e estruturada, com foco em fontes de informação bibliográficas e serviços associados. É multilíngue, generalizado e configurável, com capacidade de atender a automação de todo tipo de biblioteca e centros de documentação.
O desenvolvimento, manutenção e distribuição do ABCD seguirão a modalidade de software livre e aberto, sob a coordenação do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME/OPAS/OMS), apoiado pelo Consórcio de Universidades de Flandres (VLIR/UOS – Flemish University Development Co-Operation), no contexto do projeto Docbiblas (Development of and Capacity Building in ISIS Based Library Automation Systems) e da comunidade ISIS de usuários e desenvolvedores. O projeto conta com a colaboração voluntária de mais de 40 profissionais de 18 países, usuários do software ISIS, que foi originalmente desenvolvido e mantido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos anos 60 e posteriormente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Na década de 80 a BIREME passou a cooperar estreitamente com a UNESCO no desenvolvimento da versão ISIS para microcomputadores, com destaque para o desenvolvimento da biblioteca CISIS e dos sistemas ISIS para a Web.
O sistema ABCD integra aplicações para a automação online de funções de criação e gestão de bases de dados com protocolos abertos de interoperabilidade na web, catalogação de documentos de uma coleção, importação e exportação de registros, aquisições, módulos básico e avançado de empréstimos, estatísticas, controle de publicações seriadas, criação, configuração e gestão de sites online, catálogo público online com sistema de busca avançado.
O projeto ABCD foi apresentado publicamente pela primeira vez por ocasião do 8º Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (CRICS8), no Rio de Janeiro, em setembro de 2008. A proposta da versão 0.1 foi aprovada pelos mais de 150 participantes presentes, representando 31 países de quatro continentes. O passo seguinte foi a publicação pela BIREME, no mês de agosto de 2009, da versão 0.8.5.
Para análise do estado do sistema a partir da versão de agosto, a BIREME promoveu a oficina de especialistas na Argentina, cuja organização foi liderada pela Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA) da Argentina, instituição onde foi realizado o primeiro lançamento mundial de Micro Isis 1.0 em 1985, com a cooperação de outras instituições nacionais e internacionais.
A oficina concluiu com recomendações sobre as linhas de ação e prioridades de desenvolvimento, com o objetivo de chegar à versão 1.0 (beta) no final de outubro. A expectativa é que a versão completa 1.0 seja lançada em dezembro 2009. A versão atual do projeto ABCD pode ser acessada aqui
Na visão de Abel L. Packer, Diretor da BIREME, “a qualidade e os resultados positivos que caracterizaram a realização da oficina de avaliação do ABCD, organizada pela CNEA em Buenos Aires, representa um avanço notável no desenvolvimento cooperativo em rede da Família ISIS de Software que a BIREME vem promovendo nos últimos anos”. Ele afirma que a adoção plena da modalidade de software livre e aberto, não obstante as complexidades que envolve, fortalecerá ainda mais as características do ISIS de produto orientado ao desenvolvimento. O ABCD, segundo a avaliação dos especialistas, tanto na oficina de Bruxelas como na de Buenos Aires, se projeta como sistema de referência de software livre para a automação de bibliotecas e centros de documentação de diferentes portes e condições de infraestruturas de tecnologias de informação e conectividade.
Conteúdo e resultados da oficina
A oficina de avaliação do ABCD, organizada pela CNEA na sede do Instituto Nacional de la Administración Pública (INAP) em Buenos Aires, contou em sua coordenação com a participação dos especialistas em ISIS Ernesto Spinak, Guilda Ascencio e Emiliano Marmonti, da América Latina e de Egbert de Smet, representante VLIR/USO/Docbiblas da Bélgica.
“Trabalhamos muitos anos no ambiente tradicional de programação, esta experiência de desenvolvimento cooperativo para o software FOSS, tem sido incrível e comovente. A seriedade e o compromisso profissional com que mais de 40 colegas em todo o mundo assumiram (cada um a sua parte) esse trabalho se convertem em uma onda que contagia e traz otimismo Com equipes assim é possível empreender projetos ambiciosos”, declarou Ernesto.
A oficina contou com a participação ativa de 24 especialistas convidados, selecionados a partir de suas competências técnicas, representando universidades e organismos estatais da Argentina, do Chile e do Uruguai. A BIREME foi representada por Marcos Mori e Jussara Oliveira, analistas de sistemas da gerência de Produção de Fontes de Informação (PFI). Veja todos os participantes na página Wiki do ABCD.
A oficina foi divida entre a apresentação de todos os módulos do ABCD e discussões sobre melhorias, correções e futuras implementações. “Foi muito importante ver de perto como uma parte bastante ativa da comunidade ISIS está vendo o ABCD no seu estágio atual de desenvolvimento, suas expectativas, preocupações e contribuições”, relatou Marcos.
Previamente às atividades presenciais, foram realizadas sessões de trabalho online. Os 24 especialistas se dividiram em nove grupos de trabalho (de pesquisa e testes) e, sob a orientação de facilitadores, realizaram testes de esforço e avaliação em funções selecionadas. Tais análises resultaram em um relatório de cinco páginas por cada área e foram entregues para análise e compilação. A partir deste relatório, foram desenvolvidas as atividades da oficina.
“A oficina permitiu que todos pudessem ter uma visão ampla do conjunto das funcionalidades do ABCD, além das inúmeras possibilidades de aplicação de todos os seus módulos”, complementou Jussara.
Os colaboradores da BIREME também destacaram a importância e os resultados da estratégia da instituição no desenvolvimento em rede do ABCD, que privilegia as contribuições e as experiências compartilhadas em eventos como este para alcançar os resultados esperados do projeto.
Escrito por: BIREME/OPAS/OMS
28.09.2009 14:49:32 h
Atualizado por: BIREME/OPAS/OMS
28.09.2009 15:33:41 h